O
Braille é um Sistema de leitura e de escrita elaborado a partir de uma matriz
de seis pontos, conjunto que é a chamada célula Braille.
Foi o
francês Louis Braille (1809-1852) o primeiro a adoptar a célula de seis pontos
para leitura dos cegos, a qual ficou conhecida por “Célula Braille”. Os seis pontos
estão dispostos em duas filas verticais de três cada, podendo obter-se por
combinação de todos os pontos sessenta e três caracteres.
Segundo
Rosa, Huertas & Simón (1993, p. 268), o tamanho normalizado de cada ponto
Braille oscila entre 0,381 e 0,508 mm., sendo a distância entre si de 2,28 mm.,
quando fazem parte da mesma célula. A distância entre células da mesma linha é
de 6,35 mm. e a distância entre linhas é de 10,16 mm. É opinião destes autores
que "Estes tamanhos e distâncias parecem estar muito próximos aos óptimos
do ponto de vista psicofísico", já que a célula Braille ajusta-se à
quantidade de espaço que a ponta dos dedos pode abranger.
Oliva
(1994), escrevendo que, apesar de não estarem "normalizadas as dimensões
dos elementos-base do Braille - ponto, distância entre pontos, distância entre
células, distância entre linhas", afirma que "...há quem considere,
em resultado de estudos experimentais, que se pode falar de dimensões
preferíveis para a leitura". Indica as seguintes. Ponto: altura, 0,43 mm;
diâmetro da base, um 1,52 mm; distância entre pontos: 2,29 mm; distância entre
células: 3,12 mm; distância entre linhas: 5,59 mm.
Segundo
Correia (1999), o Braille tanto pode ser lido como escrito. Há várias formas de
produzir escrita Braille. Pode escrever-se à mão, utilizando um rectângulo de
metal ou de plástico com os seis pontos das células marcados, chamado pauta,
sobre o qual se coloca uma folha de papel, que é perfurada (mas não totalmente)
por um estilete com cabo geralmente de madeira (o punção), escrevendo-se da
direita para a esquerda ao longo de uma régua com perfurações correspondentes
às das células existentes por debaixo da folha. Esta forma de escrita tem o
inconveniente de exigir que se tire a folha da pauta para ser lida, daí a razão
de se escrever da direita para a esquerda.
Temos
também o Braille produzido por uma máquina dactilográfica, a qual dispõe de uma
tecla para marcar cada ponto. O modelo mais comum de máquina dactilográfica
Braille é a chamada "Máquina Perkins" ou "Perkins Brailler".
Além de
grandes máquinas eléctricas, que produzem, de forma industrial, Braille em
placas de zinco, as quais vão permitir a impressoras a reprodução dos textos em
papel (podem ser encontrados estes equipamentos no Centro Professor Albuquerque
e Castro - Edições Braille -, sito no Porto), há o Braille electrónico, obtido
por um periférico chamado linha Braille, que se liga a um computador. Ainda há
a considerar as impressoras Braille que se conectam a um computador, que
funcionam de modo semelhante às de tinta, embora preparadas para produzir
pontos em relevo.
O
Braille é usualmente escrito em papel. Exige folhas mais grossas para que os
pontos não se apaguem com a passagem dos dedos durante a leitura (a gramagem
mínima para uma conservação aceitável dos pontos é a de cento e vinte gramas).
O
Sistema Braille é geralmente aceite como o meio de leitura dos cegos, embora
existam outros. O método de ler resume-se ao seguinte: deslizar as pontas dos
dedos ao longo das linhas. Quer dizer que o ritmo de leitura é marcado pela
"quantidade" de letras que passam por baixo dos dedos. Assim, a
leitura táctil é uma leitura sequenciada, letra a letra. É bem diferente da
leitura com os olhos, pois a visão pode "abranger" várias palavras em
cada "olhar". O tacto nunca permite uma percepção global, o que
prejudica as condições para a leitura por parte das pessoas cegas.
Sendo o
sistema de leitura mais usado entre os cegos, o Braille tem algumas
desvantagens: ocupa muito espaço (não será conveniente escrever mais de trinta
caracteres por linha e vinte e nove linhas por página, numa folha tipo A-4); em
virtude do papel ser grosso, os volumes são pesados e a transcrição de uma obra
exige muitos volumes (um vulgar dicionário de bolso poderá ultrapassar as duas
dezenas de volumes em Braille); a sua produção é onerosa; os pontos degradam-se
com o uso. Estes factores explicam o reduzido número de obras existentes em
Braille. No entanto, o Braille Electrónico apresenta-se como meio capaz de
ultrapassar estes constrangimentos.
O Sistema
Braille permite escrever tudo aquilo que, em geral, se escreve a tinta, apesar
de apresentar algumas diferenças, pois, além de ser uma escrita impessoal, usa
sinais convencionais, por exemplo, para indicar números (os quais são as
primeiras dez letras do alfabeto, sendo o sinal que se lhes antepõe e que as
transforma em números, composto pelos pontos 3456) e para indicar letras
maiúsculas (a letra maiúscula é a minúscula, precedida pelos pontos 46.
O
Braille também tem vantagens, colocando nós, em primeiro lugar, o facto de
permitir que o leitor cego contacte pessoal e directamente com a palavra, o que
não sucede com os livros gravados. Aliás, para o estudo das línguas,
Matemática, Física, Química e música, parece-nos o melhor meio para se ser bem sucedido.
BIBLIOGRAFIA
CORREIA,
Fernando Jorge A. (1999). Alunos com
Deficiência Visual em Escolas do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino
Secundário (Relato de uma Experiência de Integração). Dissertação de
conclusão do Curso de Estudos Superiores Especializados em Educação Especial,
defendida na Escola Superior de Educação do Porto.
OLIVA,
Filipe P. (1994). "O Braille Como Meio Natural de Leitura e de Escrita dos
Deficientes Visuais". In Actas
da Conferência: "O Sistema Braille Aplicado à Língua Portuguesa".
Lisboa: ACAPO.
ROSA,
A.; HUERTAS, J. A. & SIMÓN, C. (1993). "La Lectura en los Deficientes
Visuales". In A. Rosa & E. Ochaíta (Coords.). Psicología de la Ceguera. Madrid: Alianza Editorial, pp. 263‑318.