sexta-feira, 21 de junho de 2013

DEFINIÇÃO SUMÁRIA DO SISTEMA BRAILLE



Célula constituída por seis pontos, distribuídos por duas filas verticais de três.O Braille é um Sistema de leitura e de escrita elaborado a partir de uma matriz de seis pontos, conjunto que é a chamada célula Braille.
Foi o francês Louis Braille (1809-1852) o primeiro a adoptar a célula de seis pontos para leitura dos cegos, a qual ficou conhecida por “Célula Braille”. Os seis pontos estão dispostos em duas filas verticais de três cada, podendo obter-se por combinação de todos os pontos sessenta e três caracteres.


Segundo Rosa, Huertas & Simón (1993, p. 268), o tamanho normalizado de cada ponto Braille oscila entre 0,381 e 0,508 mm., sendo a distância entre si de 2,28 mm., quando fazem parte da mesma célula. A distância entre células da mesma linha é de 6,35 mm. e a distância entre linhas é de 10,16 mm. É opinião destes autores que "Estes tamanhos e distâncias parecem estar muito próximos aos óptimos do ponto de vista psicofísico", já que a célula Braille ajusta-se à quantidade de espaço que a ponta dos dedos pode abranger.
Oliva (1994), escrevendo que, apesar de não estarem "normalizadas as dimensões dos elementos-base do Braille - ponto, distância entre pontos, distância entre células, distância entre linhas", afirma que "...há quem considere, em resultado de estudos experimentais, que se pode falar de dimensões preferíveis para a leitura". Indica as seguintes. Ponto: altura, 0,43 mm; diâmetro da base, um 1,52 mm; distância entre pontos: 2,29 mm; distância entre células: 3,12 mm; distância entre linhas: 5,59 mm.
Dispositivo que permite escrever Braille picotando o papel.Segundo Correia (1999), o Braille tanto pode ser lido como escrito. Há várias formas de produzir escrita Braille. Pode escrever-se à mão, utilizando um rectângulo de metal ou de plástico com os seis pontos das células marcados, chamado pauta, sobre o qual se coloca uma folha de papel, que é perfurada (mas não totalmente) por um estilete com cabo geralmente de madeira (o punção), escrevendo-se da direita para a esquerda ao longo de uma régua com perfurações correspondentes às das células existentes por debaixo da folha. Esta forma de escrita tem o inconveniente de exigir que se tire a folha da pauta para ser lida, daí a razão de se escrever da direita para a esquerda.


Máquina dactilográfica que permite escrever Braille.Temos também o Braille produzido por uma máquina dactilográfica, a qual dispõe de uma tecla para marcar cada ponto. O modelo mais comum de máquina dactilográfica Braille é a chamada "Máquina Perkins" ou "Perkins Brailler".
Além de grandes máquinas eléctricas, que produzem, de forma industrial, Braille em placas de zinco, as quais vão permitir a impressoras a reprodução dos textos em papel (podem ser encontrados estes equipamentos no Centro Professor Albuquerque e Castro - Edições Braille -, sito no Porto), há o Braille electrónico, obtido por um periférico chamado linha Braille, que se liga a um computador. Ainda há a considerar as impressoras Braille que se conectam a um computador, que funcionam de modo semelhante às de tinta, embora preparadas para produzir pontos em relevo.
O Braille é usualmente escrito em papel. Exige folhas mais grossas para que os pontos não se apaguem com a passagem dos dedos durante a leitura (a gramagem mínima para uma conservação aceitável dos pontos é a de cento e vinte gramas).
O Sistema Braille é geralmente aceite como o meio de leitura dos cegos, embora existam outros. O método de ler resume-se ao seguinte: deslizar as pontas dos dedos ao longo das linhas. Quer dizer que o ritmo de leitura é marcado pela "quantidade" de letras que passam por baixo dos dedos. Assim, a leitura táctil é uma leitura sequenciada, letra a letra. É bem diferente da leitura com os olhos, pois a visão pode "abranger" várias palavras em cada "olhar". O tacto nunca permite uma percepção global, o que prejudica as condições para a leitura por parte das pessoas cegas.
Sendo o sistema de leitura mais usado entre os cegos, o Braille tem algumas desvantagens: ocupa muito espaço (não será conveniente escrever mais de trinta caracteres por linha e vinte e nove linhas por página, numa folha tipo A-4); em virtude do papel ser grosso, os volumes são pesados e a transcrição de uma obra exige muitos volumes (um vulgar dicionário de bolso poderá ultrapassar as duas dezenas de volumes em Braille); a sua produção é onerosa; os pontos degradam-se com o uso. Estes factores explicam o reduzido número de obras existentes em Braille. No entanto, o Braille Electrónico apresenta-se como meio capaz de ultrapassar estes constrangimentos.
O Sistema Braille permite escrever tudo aquilo que, em geral, se escreve a tinta, apesar de apresentar algumas diferenças, pois, além de ser uma escrita impessoal, usa sinais convencionais, por exemplo, para indicar números (os quais são as primeiras dez letras do alfabeto, sendo o sinal que se lhes antepõe e que as transforma em números, composto pelos pontos 3456) e para indicar letras maiúsculas (a letra maiúscula é a minúscula, precedida pelos pontos 46.
O Braille também tem vantagens, colocando nós, em primeiro lugar, o facto de permitir que o leitor cego contacte pessoal e directamente com a palavra, o que não sucede com os livros gravados. Aliás, para o estudo das línguas, Matemática, Física, Química e música, parece-nos o melhor meio para se ser bem sucedido.

BIBLIOGRAFIA

CORREIA, Fernando Jorge A. (1999). Alunos com Deficiência Visual em Escolas do 3º Ciclo do Ensino Básico e do Ensino Secundário (Relato de uma Experiência de Integração). Dissertação de conclusão do Curso de Estudos Superiores Especializados em Educação Especial, defendida na Escola Superior de Educação do Porto.
OLIVA, Filipe P. (1994). "O Braille Como Meio Natural de Leitura e de Escrita dos Deficientes Visuais". In Actas da Conferência: "O Sistema Braille Aplicado à Língua Portuguesa". Lisboa: ACAPO.
ROSA, A.; HUERTAS, J. A. & SIMÓN, C. (1993). "La Lectura en los Deficientes Visuales". In A. Rosa & E. Ochaíta (Coords.). Psicología de la Ceguera. Madrid: Alianza Editorial, pp. 263‑318.